Especial Ford Mustang 50 Anos - Parte I

Já falei do Ford Mustang diversas vezes aqui no blog, em cada um dos modelos que foram apresentados, mas um especial completo contando toda a sua história vai ser a primeira vez, vamos começar.

O projeto de um carro não nasce do nada, vem dos desejos do consumidor, e assim foi com o Mustang, a Ford percebeu que o consumidor americano estava querendo um carro menor, eficiente, barato com motor potente e esportividade.

Os primeiros conceitos
Henry Ford II solicitou a Lee Iacocca que desenvolvesse um carro que atendesse a essa demanda, surgia assim o conceito Mustang em 1962 com desenho de Joe Oros e o nome dado por John Najjar em homenagem ao caça P-51 Mustang que o mesmo havia pilotado na Segunda Grande Guerra.
Ford Mustang Concept de 1962
O Mustang foi apresentado durante o GP de Formula 1 dos Estados Unidos e causou uma ótima repercussão no público, seu design estava longe do modelo de produção, mas o objetivo havia sido alcançado, mesmo com um motor de quatro cilindros em "V" de 1,5 litros com 90 cv de potencia.
Acima o conceito Ford Mustang II de 1963
No ano seguinte seria apresentado o conceito Mustang II, esse com muitas das características que viríamos na versão final com destaque para os faróis triplos traseiros, grade frontal com o cavalo alado, linhas laterais com vincos nos para-lamas. O motor dessa vez era um V8 de 4,8 litros que gerava uma potência de 271 cavalos.

O grande lançamento
Para apresentar o seu novo produto a Ford foi longe, colocou anúncios em todas as mídias disponíveis da época, sendo que na televisão ele foi programado para aparecer simultaneamente em todos os canais (independente do fuso horário).

Os consumidores foram a loucura e lotaram o Salão Internacional do Automóvel de Nova York, apenas nesse dia 22 mil unidades foram vendidas.
Acima as versões cupê (vermelho), conversível (azul) e fastback (preto)
Entre as suas vantagens estavam a quantidade de opcionais e de motores que começava com o seis-em-linha de 2,8 litros com 101 cv até o V8 de 4,7 litros com potência de 271 cv na configuração máxima, além desses atributos havia também o seu desenho, um esportivo médio de preço baixo.

Sucesso instantâneo
De 1964 a 1966 a Ford vendeu 1,3 milhões de unidades do Mustang, três fabricas localizadas em Michigan, Califórnia e Nova Jérsei foram utilizadas para dá conta dos pedidos, nesse período a marca do oval azul faturou o equivalente a dez vezes o valor investido no projeto.
Acima as versões conversível (vermelho) e cupê

A primeira reestilização
O Mustang surgiu na mesma época em que os Muscle Cars, isso fez com que muitos modelos fossem lançados pelas quatro grandes na época, a Ford sabia que não poderia se acomodar com a sua estrela maior, por isso apresentou uma reestilização em 1967.
Acima as versões fastback (preto) e cupê de 1967
As mudanças significativas estavam nas dimensões - 6 cm mais largo - para abrigar os motores Big Block (bloco grande), externamente recebia um novo capô, grade dianteira cromada e destacada, nas laterais os vincos ficavam mais destacados. A versão fastback foi a que sofreu as maiores mudanças com a coluna traseira se prolongando até o fim da carroceria.

A motorização foi a grande novidade com a chegada do motor V8 de 6,4 litros (390 pol3.) que despejava 315 cv de potência na configuração máxima.
Ford Mustang GT 390 do filme Bullit um sucesso no cinema e nas ruas

A segunda reestilização
A concorrência não dava trégua e dois anos depois a Ford apresentava a segunda reestilização do Mustang, dessa vez ele estava seis centímetros comprido com um capô pontiagudo e quatro faróis na dianteira - que era padrão em todas as versões -, novamente o fastback recebia as maiores mudanças com a inclusão de uma tomada de ar falsa sobre o para-lama traseiro.

No quesito potência, a novidade era o V8 de 5,8 litros (351 pol3.) com 250 cv na configuração máxima. No topo da linha estava o V8 Cobra Jet de 6,4 litros com 335 cv e o Super Cobra Jet de 7,0 litros com 360 cv.

Em 1970 a Ford apresentava uma nova mudança na frente com a retirada de um par de faróis e a retirada das tomadas de ar da versão fastback, novos opcionais eram inclusos, mas as vendas não responderam, a idade começava a chegar para o Mustang.
Acima as versões de 1970 com destaque para a conversível (branco)

A última reestilização
No início dos anos 1970 (precisamente 1971) o Mustang de primeira geração recebia a sua terceira reestilização, estava 7,5 centímetros mais largo e com 4,75 cm de comprimento, um autentico "Muscle Car". Seu desenho também era uma grande novidade com linhas que lembravam a tendência dos "Musculosos" da época. Mesmo assim as vendas não empolgaram e o Mustang amargou um total de 164 mil unidades - 75% menos que o recorde de 1966 -. Na motorização o ápice era o V8 Cobra Jet 429 que entregava 375 cv de potência

O fim de uma era
Os dois anos seguintes seriam gritantes para Mustang, a crise do petróleo se instalava, o controle de poluição retirava o chumbo tetraetila da gasolina e as seguradoras cobravam valores cada vez maiores para os carros velozes, como resultado a potência despencava e passavam a ser divulgados em valores líquidos e não brutos, como exemplo, o V8 Cobra Jet de 285 cv brutos despencava para 200 cv, a Ford precisava repensar qual seria o papel do Mustang nesse novo cenário.
Acima a evolução visual partindo de 1964 a 1971

As versões mais do que especiais
Nessa primeira geração do Mustang houve variações que se tornaram tão lendárias quanto ele, vamos relembra-las:
Acima o Shelby GT 350 (verde escuro), o GT (marrom), o CT/CS (verde limão) e o Boss 351 (verde)

Os Shelby GT
Apesar de ter um perfil esportivo os consumidores não viam o Mustang como tal em função da "pouca potência" e performance, pensando nisso a Ford convidou Carrol Shelby para criar uma versão ainda mais rápida, assim nasceu o Shelby GT 350, um carro de corrida feito para as ruas com espaço interno para apenas duas pessoas, novos freios, suspensão, capô e o motor V8 289 retrabalhado para gerar 306 cv de potência.

O sucesso foi tão grande que ele se tornaria mais "manso" recebendo itens de conforto como cambio automático, ar condicionado e bancos traseiros para agradar aqueles que queriam toda a sua potência e sem a sua rusticidade.
Acima os Shelby GT 350 (verde) de 1966 e o GT 500 de 1967
Mas não parou ai, na sequência veio em 1967 o GT 500 que recebeu o V8 big block de 7,0 litros do AC Cobra que gerava 335 cv de potência, fazendo-o ir de 0 a 96 km/h em 6,8 segundos.
Acima a diferença observada nas lanternas traseiras, o de 1967 (vermelho) eram exclusivas dos Shelby daquele período
Em 1969, a exclusividade dos Shelby se tornava ainda maior com uma frente bem diferente dos outros Mustang, mas ainda assim a sua produção estava com os dias contados, pois Carrol estava desgostoso com as mudanças e queria o fim da parceria que também não estava mais empolgando a Ford em função das suas estrelas recentes o Boss 302 e o Mach 1.
Acima o Shelby GT 500 de 1969 (vermelho) com a sua frente exclusiva e o GT 500 de 1968

O Boss
Nos anos 1960 as quatro grandes americanas se digladiavam nas pistas de corridas na categoria Trans Am e na Nascar, o objetivo era ter o carro mais rápido e vencedor, pois isso era motivo de boas vendas no dia seguinte as provas. Em 1969, a Ford apresentou o Mustang Boss 302 e o 429 projetado para recuperar a supremacia da marca nas pistas, os modelos vinham com o motor V8 de 5,0 litros de 290 cv (Boss 302) e o V8 de 7,0 litros (Boss 429) com 375 cv, para as pistas essa potência chegava a 500 cv.
Ford Mustang Boss 302 de 1969
Em 1971, o Boss 302 e o 429 são substituídos pelo Boss 351 que utilizava um motor V8 de 5,8 litros que gerava 330 cv de potência. Nos dias atuais, o Boss é considerado uma versão muito valorizada pelos colecionadores e apaixonados em função da sua produção ultra limitada.
Ford Mustang Boss 351 de 1971 (verde) e o Mach 1 do mesmo ano

O Mach 1
Essa versão foi lançada em 1969 com visual ainda mais esportivo, só que intimidador com capô pintado de preto e tomada de ar, além de uma faixa lateral com a inscrição Mach 1 próxima ao para-lama dianteiro. A motorização vinha com as opções do V8 de 5,8 litros, 6,4 litros e 7,0 litros.
Acima o Mach 1 de 1970 (azul) ao lado do Boss 429 do mesmo ano
O Mach 1 era o topo da linha entre as versões esportivas do Mustang, sua produção foi de 1969 a 1973 quando as limitações de consumo e potência o condenaram a extinção.
Acima o Mach 1 de 1971 (vermelho)

A importância da primeira geração
A primeira geração é sem dúvida a mais admirada pelos apaixonados pelo Mustang e pelos entusiastas, e não é para menos, pois ela contribuiu para grandes mudanças nos carros produzidos nos Estados Unidos que deixavam de ter um visual conservador para buscar algo diversificado, diferente, empolgante.

É graças ao Mustang que o Mercury Cougar, o Chevrolet Camaro e o Pontiac Firebird foram lançados, também foi ele o responsável pelas reestilizações do Plymouth Barracuda, ou seja, toda uma geração de apaixonados por carros que apareceram a partir desse ícone da Ford.
Acima o Pontiac Firebird e o Chevrolet Camaro

Mas o que veio depois? Esse é o assunto da segunda parte do especial.

Veja mais sobre o assunto em Ford Mustang: potência para as massas há meio século no site Best Car (em português).

Comentários

  1. Parabéns pela matéria, ficou excelente! No futuro você pensa em fazer um especial sobre o. Corvette? Espero que sim! Sucesso.

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    1. Saudações Júnior,

      Obrigado pelo elogio, fico feliz que tenha gostado, sobre o Corvette já tenho um especial pronto, confira no link abaixo, foi no ano passado em homenagem aos 60 anos dessa lenda.

      http://minisinfoco.blogspot.com.br/2013/12/especial-chevrolet-corvette-60-anos.html

      Abração,

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    2. O especial sobre o Corvette é fantástico! Vou ter sua matéria como referência para a minha série de colecionáveis dos Corvettes. Abração amigo!

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