Muscle Car, o Renascimento.

Teriam os "Muscle Car" encerrado a sua história durante a crise do petróleo nos anos 1970? Como ficam as versões dos carros que vieram depois? E os de hoje? Para entender o que é esse segmento eu recomendo primeiro a leitura do post Os "Muscle Car" e os "Pony Car" no blog, e para aqueles que já estão familiarizados vamos lá.

Apesar da crise do petróleo e das novas normas de emissão de poluentes terem estrangulado a potência dos "Muscle Car" da metade para o fim dos anos 1970, eles não foram extintos totalmente. Infelizmente alguns se foram como o Charger, o Torino, e o Chevelle. Mas alguns resistiram, embora tenham mudado de segmento provisoriamente como aconteceu com o Ford Mustang - que ficou com um porte de carro popular -, já o Chevrolet Camaro e o Pontiac Firebird seguiram uma linha mais esportiva.

O choque e a adequação - 1975 a 1980
O forte desses carros sempre foi a motorização potente acompanhada de um preço competitivo. Com o combustível escarço e com o preço alto ter um modelo "beberrão" não fazia sentido, por isso o Ford Mustang passou a oferecer modelos com potência que variavam de 105 a 122 cv em suas versões esportivas como a Mach 1, a Stallion e a Cobra.
Acima o Ford Mustang preto (Motormax), Cobra II cinza (Johhny Lightning) e Monroe Handler (Hot Wheels)
Já o Chevrolet Camaro tinha como opções motores com variação de potência entre 140 cv (em 1974) até 185 cv (em 1977), que depois foram retraídos para 122 cv em 1980.
Acima o Chevrolet Camaro verde 1980 (Hot Wheels)
O Pontiac Firebird utilizava motores com potência similares nos esportivos, ou seja, de 135 cv (1976 para o Esprit) até 210 cv (1978 na versão com turbocompressor do Trans Am). 
Acima os Pontiac Firebird Trans Am preto 1980 (Greenlight), 1977 (Hot Wheels) e 1973 vermelho (Kyosho)
Se a potência não empolgava, então era preciso buscar outros meios para vendê-los, foi o que a GM fez com o Camaro e o Pontiac Firebird que possuíam um visual jovem com pintura que lhes conferiam um ar esportivo. Essa estratégia foi tão positiva que se transformou em boas vendas - ultrapassando inclusive o Mustang.

Falando nele, de 1974 até 1979 o cavalo alado da Ford seguiu a linha de modelos econômicos, feito a partir do projeto do Ford Pinto, por isso possuía dimensões menores que um Muscle Car, além disso o seu visual era para lá de controverso - sendo considerado pela a maioria esmagadora dos apaixonados pelo cavalo alado como sendo a sua pior geração -. Para tentar mudar essa impressão algumas edições limitadas com visual esportivo foram lançadas, o que de certa forma contribuiu para melhorar as vendas.

Tentando encontrar um rumo para os Muscle Car - 1981 a 1990
A chegada dos anos 1980 muda um pouco o cenário para os "Muscle Car". A evolução dos computadores, o lançamento de novas tecnologias que reduziram o tamanho dos motores, mas aumentaram a eficiência e a potência, e ainda a modernização das linhas de montagem permitiram que estes modelos ensaiassem uma recuperação de potência embaixo do capô. 
Acima o Chevrolet Camaro 1985 (Hot Wheels), o Pontiac Firebird 1988 (Greenlight) e o Ford Mustang SVO 1984 (Hot Wheels)
A Ford continuava apostando no Mustang, que estreava a terceira geração com linhas ainda básicas - mas que pelo menos eram bem melhores que a anterior -. Nessa mesma época a divisão SVO (Special Vehicle Operations) iniciava as suas atividades, e com ela novas versões com uma pegada esportiva, e motores mais potentes foram inclusos. Os principais destaques nessa época ficaram para os motores quatro cilindros turbo de 2,3 litros com potência de 175 cv, e o V8 de 5,0 litros que gerava 235 cv na versão SVT Cobra de 1993. 
Acima os Ford Mustang SVO marrom e Turbo verde (Hot Wheels), e o GT branco (greenlight)
A GM atualizou os seus dois Muscle com um visual em sintonia com as tendências da época, o que significava linhas retilíneas e faróis escamoteáveis. Mas não era apenas isso, na mecânica os V8 mais uma vez eram as estrelas, começando pelo o 305 de 1983 no Camaro que fornecia 190 cv, e o 350 que rendia 245 cv na versão Z/28 do final da década. 
Acima no destaque, o 1985 Chevrolet Camaro IROC-Z (Hot Wheels)
No Firebird os V8 eram similares ao Chevrolet, no entanto, o grande destaque mesmo ficaria para o V6 de 3,8 litros turbo do Buick que lhe garantiam 250 cv de potência na edição lançada no final dos anos 1980. 

Acima, os Pontiac Firebird Trans Am 1985 da Johnny Lightning (esquerda) e 1988 da Greenlight
Além dos velhos conhecidos, a GM também ofertou outros modelos que eram versões especiais da sua linha principal. 
Acima os séries especiais Muscle da GM nos anos 1980
Foram os casos do Chevrolet Monte Carlo SS "Aerocoupe" com duzentas unidades fabricadas para homologação que visavam atender as exigências da Nascar na época para participar das corridas da categoria. O motor utilizado era um V8 de 5,0 litros que gerava 180 cv de potência. 
Acima o Chevrolet Monte Carlo SS da Hot Wheels
Outro modelo era o Buick Grand National na versão NSX de 1987 que possuía um visual esportivo e utilizava um motor V6 de 3,8 litros que gerava 276 cv de potência. 
Acima os Buick Grand National NSX da Johnny Lightning e da Hot Wheels
Por fim, teve ainda o Oldsmobile Cutlass com uma versão Hurst que utilizava um V8 307 que gerava 180 cv.
Acima o Oldsmobile Cutlass Hurst da Hot Wheels no destaque
Apesar da potência na maioria deles ser inferior aos tempos de ouro, a retomada já mostrava que as fabricantes estavam dispostas a investir de novo - desde que houvesse retorno dos consumidores.

Um novo declínio para os Muscle Car - 1991 a 2000

Os carros japoneses dominavam o mercado americano, e para se adequar as novas tendências os Muscle Car passaram a adotar linhas redondas, que se assemelhavam muito aos concorrentes orientais. Mesmo assim as montadoras procuraram diferenciá-los com a aposta no sempre, ou seja, motores V8 gerando muita força.

A Ford estreou a nova geração do Mustang em 1994, e apesar de um design redondo elementos do passado foram restabelecidos como: as entradas de ar laterais próximas as portas, o logo do cavalo no centro da grade dianteira e as lanternas traseiras triplas e estreitas. Na mecânica, os motores que chamavam a atenção eram o V8 de 5,0 litros que gerava 215 cv, e o 4,6 litros com bloco de alumínio, duplo comando no cabeçote e quatro válvulas por cilindro que gerava 320 cv na versão SVT Cobra de 1999.
Acima os Ford Mustang 1999 da Johnny Lightning (verde) e 1996 da Hot Wheels
Na GM, o Camaro e o Firebird com vendas em queda perdiam prestigio, mesmo com gerações novas que estrearam em 1993. Na mecânica os dois usavam o mesmos motores, sendo o ponto alto o V8 de 5,7 litros que fornecia 325 cv de potência nas versões SS (Camaro) e Trans Am (Firebird) de 2002, esse o último ano de produção para ambos. 
Acima o 1996 Chevrolet Camaro Conversível da Hot Wheels no destaque
Acima os Pontiac Firebird Trans Am 1993 verde (Auto World) e 1999 Conversível preto (Greenlight)
Os anos 1990 foram ruins para os Muscle Car, pois as montadoras em sua maioria não se prontificaram em entender o que o consumidor americano desejava. A principal característica desse segmento era a sua identidade própria, e quando eles passaram a ser meramente "cópias" dos carros japoneses - mesmo com motores V8 -, os apaixonados por eles não viram sentido em adquirir.

O renascimento como nicho - 2000 até o momento

Em meio a onda retrô que tomou conta do mundo automotivo no início do século as três grandes apresentaram as suas visões para o que seriam os Muscle Car de hoje.

A Ford foi a primeira a apresentar qual seria o visual do Mustang, isso foi em 2003, depois veio a GM com o Camaro em 2006, e na sequência a Chrysler com o Challenger em 2008. A boa receptividade de cada um permitiu que os projetos se tornassem realidade, e assim em 2004 (Mustang), 2009 (Challenger) e 2010 (Camaro) desembarcavam no mercado.

Ford Mustang
A quinta geração foi um grande sucesso, além do GT, teve o retorno da parceria com a Shelby que resultou no GT350, no GT500, e no Super Snake, e não parou ai, o Boss 302 e o Bullitt retornaram e mais recente o Mach 1.
Acima o 2010 Ford Mustang GT da Hot Wheels no destaque
Acima o Ford Mustang Concept de 2003 nas versões Hot Wheels (azul) e Matchbox
Acima o Ford Mustang GT 2005 da Hot Wheels
Acima o Custom Ford Mustang 2007 da Hot Wheels
Acima os Shelby GT500 de 2007 (preto), 2010 (cinza) e 2012 Super Snake da Hot Wheels
Acima o 2012 Ford Mustang Boss 302 Laguna Seca da Hot Wheels
Acima o Shelby GT350 e o GT da Hot Wheels nas versões da sexta geração
Na parte mecânica a diversidade foi boa, com a disponibilidade de motores V6, V8 e de quatro cilindros com turbo, sendo esse último gerando mais força que os de seis cilindros em "V", o que significa potência começando em 306 cv (para o V6 de 3,7 litros) até 662 cv (no V8 de 5,0 litros do Super Snake).

Chevrolet Camaro
Em 2010, chegava as lojas americanas a quinta geração do Camaro com versões de entrada e desejadas como a SS. Nos anos seguintes outras variações apareceriam como a ZL1 e a COPO - essa destinada as arrancadas.
Acima o 2013 Chevrolet Camaro Edição Especial Hot Wheels
Acima o 2010 Chevrolet Camaro RS da RMZ City
Acima o 2012 Chevrolet COPO Camaro da Hot Wheels
Assim como o Mustang, o Camaro chegou a sua sexta geração em meados dessa década. O conjunto foi otimizado, melhorando a dirigibilidade e disponibilizando varias versões com o intuito de atender os mais variados gostos dos consumidores por este tipo de carro.
Acima o 2016 Chevrolet Camaro SS em sua sexta geração da Hot Wheels
Acima os Chevrolet Camaro ZL1 de quinta (prata) e sexta gerações da Hot Wheels
Em motorização, as opções começavam com um V6 de 3,6 L com potência que variavam de 217 a 312 cv, e o V8 de 6,2 L que fornecia entre 400 cv (na versão SS) e 648 cv (na versão ZL1).

Dodge Challenger
Por incrível que pareça essa é apenas a sua segunda geração, e já se vão doze anos em produção. Visualmente suas linhas são bem semelhantes ao primeiro, e em matéria de versões teve varias como a R/T, a SRT, a HellCat e a Demon.
Acima o Dodge Challenger HEMI 426 da Hot Wheels no destaque
Acima o Dodge Challenger SRT8 da Hot Wheels
Acima o Dodge Challenger SRT HellCat da Hot Wheels
Acima o Dodge Challenger SRT Demon da Hot Wheels
Em relação aos motores, a potência começava no V8 HEMI de 6,4 litros que gerava 470 cv e chegava no V8 de 6,2 litros HEMI com turbo compressor que fornece 852 cv - o mais potente de todos os Muscle.

Dodge Charger
E não ficaram apenas neles, o Dodge Charger retornou como um sedan de quatro portas, no início de 2005. Até hoje o seu visual gera controvérsias, no entanto de lá para cá os facelift foram sendo feitos e a pegada Muscle ficou evidente, principalmente com as versões especiais como a R/T, a SRT e a HellCat.
Acima o 2006 Dodge Charger na versão SRT8 da Greenlight
Acima o 2012 Dodge Charger R/T preto da Greenlight
Acima o 2016 Dodge Charger SRT HellCat da Greenlight
O Charger tem a sua disposição os mesmos motores e configurações que o Challenger, ou seja, o V6 de 3,6 litros com 230 cv até o V8 HEMI de 6,2 litros com compressor que rende 717 cv da versão HellCat.

A seguir o hoje e o ontem de cada um dos Muscle Car atuais.
Ford Mustang 2016 (azul) e 1969 da Hot Wheels
Chevrolet Camaro 2016 (azul escuro) e 1967 da Hot Wheels
Dodge Challenger 2018 (amarelo) e 1970 da Hot Wheels
Dodge Charger 2017 (cinza claro) e 1969 da Hot Wheels
É isso ai, já são 54 anos desde o primeiro Muscle Car apresentado pela a Pontiac, da época de ouro ao declínio, depois a recuperação e ao mercado de nicho atual. E como vai ser daqui para a frente? Quem sabe? Os apaixonados ainda existem, mas são bem menores do que antes, talvez o conceito baseado nos potentes motores V8 tenha que ser atualizado - a eletrificação é uma crescente -, mas sinceramente o blog torce para que eles continuem.


[Postagem publicada originalmente em 13 de outubro de 2013, e agora republicada com novas imagens e informações]



Comentários

  1. Excelente matéria e belíssimas fotos.

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    1. Ola Emerson,

      Obrigado pelo comentário, fico muito feliz que tenha gostado.

      Abração,

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  2. Muito bem explicado e com riqueza de detalhes, parabéns meu amigão...

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